quinta-feira, 31 de outubro de 2013

[Opinião] "D. Francisca de Bragança - A Princesa Boémia", de Maria João Fialho Gouveia

Sinopse: D. Francisca de Bragança: A Princesa Boémia é um romance apaixonante inspirado numa cuidada investigação histórica, que nos dá a conhecer a vida de uma invulgar princesa portuguesa, que viveu uma longa e ousada história de amor com o filho do rei de França, o homem da sua vida.
D. Francisca de Bragança nasceu no Rio de Janeiro em 1824, filha de D. Pedro IV de Portugal e da imperatriz D. Leopoldina da Áustria. Ficou órfã de mãe aos dois anos de idade, e durante toda a vida pesou sobre os seus ombros o fantasma da morte da mãe, grávida do sétimo filho, segundo os rumores assassinada às mãos do próprio marido.
Aos treze anos, a irreverente princesa conheceu D. Francisco d’Orléans, filho do rei de França, por quem se apaixonou perdidamente. Teria de esperar seis anos pelo dia do desejado casamento, e consequente partida para Paris, onde, agora a princesa de Joinville, depressa se impôs pela sua beleza, ousadia e espontaneidade, conquistando o petit nom de Belle Françoise.
Apaixonados e comungando de um ardor pela liberdade, os príncipes de Joinville entregaram-se a uma vida de boémia, numa Paris que fervilhava de arte, cultura e conhecimento, privando com intelectuais e artistas pelos Grands Boulevards e pelas salas de espetáculos.
Apesar das intrigas cortesãs, que atribuíam amantes à princesa e romances ao seu consorte, e da queda da monarquia francesa, que obrigou os príncipes a um exílio forçado em Inglaterra, o casal de príncipes nunca se separou, e viveu um amor puro e cúmplice até ao fim dos seus dias.




Opinião:
Quando este livro foi dado a conhecer ao público, fiquei automaticamente interessada em lê-lo.

Já li o livro "D. Maria II - Tudo Por Um Reino", em que a personagem principal é D. Maria (irmã mais velha de D. Francisca de Bragança e futura rainha de Portugal) e o livro "D. Pedro - O Rei - Imperador", que retrata a vida, desde criança de D. Pedro IV, I do Brasil.

A oportunidade de conhecer mais um membro da família Bragança não podia ser desperdiçada e, sendo assim, iniciei a leitura deste livro com grandes expectativas. Mas logo nas primeiras páginas fiquei um pouco desiludida.

Eu sei que na época em que a acção do livro se passa, certas palavras eram pronunciadas de forma diferente e algumas até caíram em desuso com o passar do tempo. Mas em 90% dos romances históricos que eu li a linguagem utilizada era actual (o que facilita a leitura do mesmo) . E é neste aspecto que eu penso que a escritora falhou mais: introduziu de tal forma palavras "caras" que a leitura chegou ao ponto de ser forçada. Tive de voltar dezenas de vezes atrás para conseguir perceber o sentido da frase.
Outro ponto negativo é a existência excessiva de descrições. Descrição do quarto, descrição do quarto de vestir, descrição da sala de estar, descrição da sala de jantar; só faltou a descrição dos estábulos! Fiquei cansada só de ler tanta descrição.

D. Francisca de Bragança era filha de D. Pedro IV e de D. Leopoldina da Áustria, cujo casamento foi pausado por sucessivas traições e violência. Por esta razão D. Leopoldina foi uma mulher fechada e triste. Morreu ao fim de 9 anos de casamento depois de, reza a história, ter sido agredida a pontapé por D. Pedro IV.

Durante o livro acompanhamos a sua vida desde os 13 anos e até à sua morte. D. Francisca foi uma criança e mulher independente e rebelde. Nunca seguiu os padrões da sociedade e, ao contrário de quase todas as mulheres daquela época, viveu um casamento baseado na paixão e no amor. Gostei muito desta personagem pela sua irreverência e pelo seu amor ao marido. Por vezes era imatura e mimada, mas fez-me gostar dela por ser diferente do que era conveniente e por ter lutado pelos seus desejos.

É possível perceber que Maria João Fialho Gouveia pesquisou a fundo sobre a vida desta princesa e isso é um ponto a favor. Mas fica a perder para os defeitos do livro que se poderia tornar mais leve se não fosse a linguagem e o excesso de descrição.

3 comentários:

  1. Ainda não tive a chance nem o prazer de ler o livro Mas tenho lido bastantes obras (francesas) sobre a família de orleãs e nada me fez pensar que as noras de Luis Filipe, nem a Rainha tivessem sido sequer alvos de boatos de infidelidade Eles, sim, eram todos grands amateurs de femmes. embora tivessem sido bons maridos e os casais muito unidos Luis Filipe, o pai, não se lhe conhecem amantes depois de casado O principe Henrique duque d'Aumale até deu o nome a uma "posição à d'Aumale" - quanto às descrições de ambientes elas só enriquecem as obras e nos permitem "estar lá" O nosso Eça ao descrever os ambientes deixava-nos entrar e revelou-se também um optimo decorador Quem não tem paciência para ler as descrições não me parece um verdadeiro leitor Sim não aderi ao acordo ortográfico nem vou aderir escrevo óptimo com "P"

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  2. Maria Garcia aceito a sua opinião mas, para mim, este livro tem descrições em excesso. E peço desculpa, mas eu considero-me uma verdadeira leitora simplesmente não gosto de páginas e páginas seguidas só com descrições.

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  3. Não precisa desculpar-se. Uma opinião não é uma culpa - e eu disse "parece" não fiz afirmações, e respeito as opiniões alheias

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